terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O Mundo de Sofia


Em plena segunda-feira de carnaval, eu e meu amado Cleber resolvemos, além de dormir, lavar o carro e brincar com os cachorros, assistir "Ensaio sobre a cegueira".

Depois, conversando sobre o filme, o Cleber quis me contar o mito da caverna. Pegou o livro "O mundo de Sofia" e leu para mim a parte que explica o mito. Resultado? Nossa vontade foi devorar o livro inteiro!

Começamos, então, pelo primeiro capítulo. Para quem não conhece o livro, é o seguinte: Sofia, uma garota prestes a completar 15 anos, começa a receber cartas estranhas, questionando-a e fazendo-a pensar sobre, por exemplo, quem era ela, de onde veio o mundo, o que é a vida e o que há depois da morte.

Depois de lermos apenas o primeiro capítulo, já tivemos muito que comentar. Quem nunca se questionou sobre as mesmas coisas? Quem nunca se viu intimado a encontrar respostas para tais perguntas? Perguntas que os pais ou a escola tentam silenciar e a religião tenta resolver dizendo ser tudo obra de Deus. Mas como a própria Sofia se questiona, se foi Deus quem criou tudo, quem criou Deus? Ele não pode ter criado a si próprio.

Os mais intelectuais poderão dizer que o livro é apenas um romance. Mas eu confesso que até já comecei a vislumbrar futuras aulas lendo trechos dele aos meus futuros alunos! Afinal, tem uma linguagem fácil, uma escrita apaixonante e cumpre seu papel: desperta nosso olhar para tudo que achamos normal, evidente. Faz de nós um pouquinho filósofos...


"Na escola, Sofia tinha dificuldade de se concentrar no que o professor falava. De uma hora para outra, começou a achar que ele só falava de coisas que não eram importantes. Porque ele não falava sobre o que é um ser humano, ou então sobre o que é o mundo ou de onde ele tinha surgido?
Ela sentia uma coisa que nunca tinha sentido antes: na escola, e também por toda parte, as pessoas só se preocupavam com trivialidades. Mas havia questões maiores, mais graves, cujas respostas eram mais importantes do que as matérias normais da escola."
“ O Mundo de Sofia", Jostein Gaarder

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Escola?

2011 se foi e com ele muita coisa ficou pra trás em minha vida: as ciências sociais, São Carlos, a UFSCar, os companheiros... 2012 me trouxe de volta a Ribeirão Preto para cursar Pedagogia! Para tentar encontrar um caminho mais compatível comigo mesma.

Voltar pra cá implica um retorno a muitas outras coisas que ficaram aqui... E uma delas é o teatro! O teatro em que acredito.

Por uma dessas coincidências da vida, cheguei exatamente no momento em que procuravam uma atriz para uma peça cujo tema é educação. Conheci o texto e me apaixonei alí mesmo. Retrata a escola que me educou e que me fez detestá-la. A mesma que eu quero ajudar a transformar!

A minha decisão em fazer pedagogia veio justamente das minhas lembranças da escola. Quase todas ruins... E ensaiando a peça, nos lembramos de fatos absurdos.

Uma das atrizes nos contou que quando criança, apenas por questionar o motivo de não ter recebido uma folha, a professora lhe enfiou na boca papel higiênico molhado no alcool.

Outra era chamada pela professora de bujãozinho toda vez que caía. E tinha de aguentar coleguinhas zombando dela com o aval da professora...

Outra, ainda, era o próprio castigo para os outros alunos da classe. A professora dava o castigo a alguém dizendo: sente-se ao lado dela!

Eu mesma vi, na primeira série, a professora bater em um aluno deficiente.

Enfim! Que educação é esta? O que ela fez de nós? E o que nós podemos fazer por ela?


"Sabe como eu me lembro da escola?
Às vezes como uma coisa boa, às vezes como um lugar onde eu estava sempre angustiado."
Trecho da peça "A Aurora da minha vida", de Naum Alves de Souza.